A Música no Brasil Imperial
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
História de Antônio Carlos Gomes (1836 – 1896)
A história de vida do compositor foi sempre marcado pela
dor, onde perdeu sua mãe quando ainda era criança, numa morte tão trágica
“assassinada” com apenas 28 anos de idade.
Com a morte da mãe, seu pai passou por momentos muitos
difíceis para conseguir sustentar todos os filhos, mas foi por meio destas
dificuldades que seu pai resolveu formar uma banda de música, onde Carlos Gomes
deu início aos seus primeiros passos artísticos.
Foi exatamente na banda de seu pai, que mais tarde o
músico compositor viria a substituir e em conjunto com os seus irmãos as suas
primeiras apresentações em bailes e em concertos. Neste período o compositor
trabalhava duro para poder manter o seu estudo em música.
Com apenas 15 anos de idade Carlos Gomes da início as
suas composições, compondo Valsas, Polcas e Quadrilhas. No ano de 1854 com 18
anos, ele compõe a primeira missa “Missa de São Sebastião” e dedica esta obra
totalmente a seu Pai.
Aos seu 21 anos de idade compõe a Modinha Suspiro d’Alma
com versos do poeta romântico português Almeida Garrett e com 23 anos, ele já
apresentara vários concertos com o seu Pai. Ainda muito jovem lecionava piano e
o canto, dedicando-se sempre ao estudo das óperas, demonstrando preferência por
Giuseppe Verdi.
Aos passar dos anos Carlos Gomes conquistou logo a Corte
tornando-se uma figura querida e popular. No dia 08 de novembro de 1863, partiu
abordo de um navio inglês Paraná, entre calorosos aplausos de seus amigos e admiradores
que se comprimiam no cais. Levou consigo grandes recomendações de D.Pedro II
para o Rei de Portugal “Rei Fernando” pedindo para que apresentasse Carlos
Gomes ao diretor do Conservatório de Milão Lauro Rossi.
O jovem compositor passou por Paris, onde assistiu alguns
espetáculos líricos, mas seguiu logo para Milão. Portanto, no ano de 1866
recebe o diploma de mestre e compositor, recebendo muitos elogios de todos os
críticos e professores. A partir daí então, o compositor passou a compor onde a
sua primeira peça musicada foi Se as minga, em dialeto milanês, com Libreto de
Antônio Scalvini que foi estreada no dia 1 de janeiro de 1867 no Teatro
Fossetti, um ano após surgiu Nella Luna levada a cena no Teatro Carcano.
No ano de 1870, o mundo pode ouvir sua peça mais conhecida
“O Guarani”, que foi representada por toda Europa e América do Norte.
Carlos Gomes casou-se na Itália com Adelina Péri e com
ela teve os seus cinco filhos, mas com o passar do tempo foram morrendo um a um
em tenra idade, restando apenas Ítala Gomes Vaz de Carvalho, Fosca foi considerada sua melhor Opera junto com Salvador Rosa e Maria Tudor.
Muitos anos mais tarde Carlos Gomes veio a ficar doente,
com um tumor maligno na garganta e na língua, no entanto os seus últimos dias
em Belém foram de grande sofrimento, sua doença era muito grave, e os esforços
dos médicos não conseguiram diminuir as dores e infelizmente Carlos Gomes veio
a falecer as 22h20 do dia 16 de setembro de 1896.
“SUAS PRINCIPAIS OBRAS”
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Róseas Flores d'alvorada: uma breve reflexão sobre as modinhas imperiais.
"Róseas flores d'alvorada, teus perfumes causam dor!
Essa imagem que recordas é meu puro e santo amor!"
Assim anotou Mário de Andrade em seu livro "Modinhas Imperiais" de 1930, resultado da
sua pesquisa desse gênero musical muito presente no Brasil e em Portugal da segunda metade
do século XVIII até o inicio do Brasil República.
A modinha, desconhecida por muitos músicos, é ainda um gênero estudado pelos
cantores por sua importância histórica no canto erudito brasileiro e a técnica entre saltos
melódicos e letra muito sentimental.
Nascida aqui no Brasil no século XVII, ganhou destaque em 1770 quando Domingos
Caldas Barbosa (17401800) que era poeta, compositor, cantor e violeiro e a apresentou na
Corte de Lisboa que com o acréscimo de características da ópera italiana voltou ao Brasil de
forma requintada, já como canção camerística.
Com esse "jeitinho" tão suave, sentimental, chorosa e romântica caminhou a modinha.
Suas letras falam de amor, da pureza de amar, dos sentimentos contidos no coração que pulsa
por um grande amor, dos suspíros e das juras dos amantes da época, sendo uma grande
expressão poéticomusical brasileira. Geralmente possui duas partes, onde prevalece o modo
menor bem como o uso de compassos binários e quaternários.
Temos o compositor Joaquim Manoel (da Câmara) que é considerado o primeiro a se
dedicar a arte das modinhas, com até mesmo Sigismund Neukomm como harmozinador de 20
de suas modinhas. Joaquim Manoel deixou várias peças de qualidade como Se Me Desses Um
Suspiro, Desde o Dia em Que Nasci e A Melancolia, tendo esta servido de tema para a fantasia
L'Amoreux, de Neukomm. Mas o grande modinheiro da época foi Cândido Inácio da Silva, aluno
do Padre José Maurício, com peças como Cruel Saudade, A Hora Que Não Te Vejo, Um Só
Tormento de Amor e as famosas Busco a Campina Serena e Quando as Glórias Eu Gozei.
Com o passar dos anos, a modinha ganhou fórmula ternária e foi para os pequenos
grupos que cantavam a luz do luar, nas calçadas em baixo das janelas: Sim, as serenatas! E
sempre a cantar o amor e os amantes, a modinha influenciou também a música do rádio e
apartir de então, tudo se misturou.
"Róseas Flores d'alvorada" é um grande exemplo da sensibilidade poética contida nesse
gênero, vejamos a letra:
"Róseas flores d'alvorada teus perfumes causam dor.
Róseas flores d'alvorada teus perfumes causam dor.
Essa imagem que recordas é meu puro e santo amor
Essa imagem que recordas é meu puro e santo amor
Ai quem respira os teus odores:
Fenece triste, morre de amores!
Não pode gozar venturas que de amor sofre aflição.
Não pode afeito aos gemidos ter prazer me coração.
Sem os sonhos de ventura murchouse a flor do desejo,
Que m'importam outras flores si a minha bela eu não vejo.
Deixai que eu viva de penas, de saudade e de lembrança,
Já que siquer me não resta nem uma só esperança."
Hoje, dificilmente escutamos as modinhas imperiais. Porém sua grandeza
poéticomusical, sua importância na literatura brasileira e sua carga técnica a faz ganhar vida
nos sarais eruditos, nas aulas de canto e no coração dos poetas e amantes.
Partitura:
http://www.musicabrasilis.org.br/ptbr/partituras/anonimoobrascompiladaspormariodeandrad
eroseasfloresdaalvorada
A Música no Período do Império (1822-1889)
O período conhecido como Império corresponde ao que conhecemos como Romantismo Brasileiro nas artes. Nesse período, estabilizou-se a política brasileira, possibilitando a intensificação da vida cultural, de que se beneficiou o momento musical.
Campahias italianas deixam aqui músicos e instrumentos. Não só no Rio de Janeiro, mas também na Bahia e Recife eram recebidas com entusiasmo. Sociedades musicais foram fundadas em todo território nacional para difundir a música sinfônica e de câmera. Os concertos eram numerosos, não apenas de virtuosos estrangeiros; os jornais ja começavam a destacar-se, muitos instrumentistas estrangeiros ficavam aqui como professores. Os instrumentistas de sopro se originaram como nossos hábeis flautistas, cantavam-se modinhas, lundus, landainhas, cantigas de roda, fios, que de Portugal se espalharam por todo Brasil, hoje mantidos principalmente no Nordeste.
A figura central nestes tempos, foi Francisco Manuel da Silva, discípulo do Padre José Maurício e sucessor de seu mestre na Capela. Apesar de ser compositor de escassos recursos, merece crédito por sua importante atividade organizadora, fundando o Conservatório de Música do Rio de Janeiro e sendo o regente do Teatro Lírico Fluminense e depois da Ópera Nacional. Também foi o autor do Hino Nacional Brasileiro. Sua obra refletiu a transição do gosto musical para o Romantismo, quando o interesse dos compositores nacionais recaiu principalmente sobre a ópera. Neste campo a maior figura foi sem dúvida Antônio Carlos Gomes, que compôs óperas com temas nacionalistas, mas com estética européia, tais como Il Guarany e Lo Schiavo, que conquistaram sucesso em teatros europeus exigentes como o La Scala, em Milão.
Com a Independência, em 1822, nasce o Brasil como nação, já que anteriormente o país era colônia portuguesa. Nesta época, surgiram movimentos de renovação das artes. Impulsionados pelo Romantismo europeu, pintores, escritores, músicos e dramaturgos retratavam o Brasil e suas origens. Deste movimento, surge o Indianismo, cuja obra mais conhecida é o Guarani, de José de Alencar (CE, 1829-1877).
A figura de maior destaque, na ópera brasileira, é Carlos Gomes (1836-1896). Nascido em Campinas, e patrocinado por Dom Pedro II, obteve grande prestígio na Itália. Posteriormente, voltou ao Brasil e, por ter sido apoiado pelo Imperador, sofreu represálias dos republicanos.
Sem espaço na capital, transferiu-se para Belém do Pará, onde dirigiu o Conservatório de Música local.
A segunda metade do século XIX também é o período de florescimento de vários gêneros populares. Entre os mais importantes, está o maxixe, considerado por muitos autores como o primeiro gênero musical genuinamente brasileiro. Chiquinha Gonzaga (RJ, 1847-1935) é uma das grandes desta época.
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
“HISTÓRIA DO HINO DA INDEPENDÊNCIA”
“HINO DA INDEPENDÊNCIA”
Composta pelo Imperador Evaristo Ferreira
e Dom Pedro I, o hino da independencia foi o antessessor do hino nacional que
cantamos hoje. Um dos principais simbolos da Rebublica Federatica do Brasil,
porém com o passar dos anos foi caindo no esquecimento da população
principalmente após a composição e oficialização do novo hino. Uma curiosidade
interessante é que o hino da independencia que com versos compostos por
Evaristo Ferreira de Veiga que cantamos hoje, teve sua melodia composta
inicialmente por Marcos Portugal e somente a partir de 1824 a melodia composta
por Dom Pedro I foi oficializada. Tornou-se uma canção patriótica valia até
como o hino nacional, embora não oficialmente.
Sua letra retrata o momento vivido no período
da independência, a anunciação da liberdade é predominatemente expressada pelo
compositor e também a coragem de um povo determinado a ser liberto como diz o
trecho "Longe vá... temor servil" (vai para longe o medo de ser
dominado).
Com uma linguagem extremamente
de época, sua compreenção nos dias de hoje é muito dificil, muitos desconhecem sua
letra e os que conhecem não sabem o seu significado o que acaba fazendo com que
o patriotismo do povo fique comprometido diferente de alguns anos atrás quando
se ensinava os hinos na escola.
domingo, 31 de agosto de 2014
Brasil Império
Tirando a poeira de um pioneiro do Império à República!
Henrique Alves de Mesquita nasceu em 15 de Março de 1830 na cidade do Rio de Janeiro, tendo
em sua vida uma carreira de instrumentista, compositor e maestro.
Iniciou seus estudos de música na juventude, sendo que com 18 anos foi aluno do Maestro Giacchino Giannini, estudando contraponto, órgão e composição com esse que foi também professor de Carlos Gomes.
O Imperial Conservatório de Música, que era mantido pelo Imperador D. Pedro II, oferecia bolsas de estudo aos seus melhores alunos, sendo Henrique premiado com uma temporada de estudos em Paris, o que constituía um novo caminho musical visto que os músicos eruditos brasileiros almejavam a Itália.
Na França, foi aluno de François Emmanuel Joseph Bazin, organista e compositor de óperas. Entre cursos de aperfeiçoamento musical e carreira de compositor, Henrique passou cerca de 10 anos no país, onde conheceu Adolph Sax, criador do saxofone, também professor do Conservatório, fazendo de Henrique o responsável pela introdução do Saxofone no Brasil.
Nesse retorno as terras brasileiras, foi nomedo professor de Solfejo e Harmonia do Conservatório, dividindo seu tempo com o Teatro e a Ópera, sendo que somente após a Proclamação da República, em meados de 1890 que Henrique retoma o ensino musical no agora Instituto Nacional de Música como atividade de maior importância até se aposentar em 1904, tendo entre seus alunos mais conhecidos Joaquim Callado e Anacleto de Medeiros.
Entre suas atividades musicais, foi também trompetista em algumas Orquestras do Rio de Janeiro, como também organista da Igreja de São Pedro. Gostava ainda de participar das rodas de serestas e modinhas, tendo amigos como Chiquinha Gonzaga e Alfredo da Rocha Vianna, pai de Pixinguinha. Como compositor, Henrique compôs Óperas e Operetas. Ele também se dedicou a composição das chamadas “mágicas”, gênero operístico popular que tratava de temas do cotidiano, indicando sua proximidade com a nascente música popular brasileira.
"O primeiro a se arriscar foi Henrique Alves de Mesquita, que compôs o lundu, um gênero que na linguagem africana chamase lundum, mas abrasileiraram. Era um ritmo tocado acompanhado de tambores, mas havia ainda uma influência de várias habaneras, incluindo a mais famosa delas, Carmem, de Bizet. O lundu tinha um acompanhamento rítmico da habaneira. E não era isso que o Callado queria, nem Chiquinha, nem o Mesquita. Assim, começaram a ensaiar outras coisas, outros ritmos, sempre baseados nos tambores dos negros, dos escravos [...] “
Além de ser o primeiro bolsista do Império, o primeiro a compôr “lundu”, foi também o primeiro a denominar “tango” para uma composição brasileira, em “Olhos matadores” que fazia parte de sua opereta "Ali Babá e os Quarenta Ladrões", de 1872, com também forte influência da habaneira. Faleceu em 12 de Julho de 1906, na cidade do Rio de Janeiro.
Entre suas composições mais conhecidas está o “Batuque”:
Iniciou seus estudos de música na juventude, sendo que com 18 anos foi aluno do Maestro Giacchino Giannini, estudando contraponto, órgão e composição com esse que foi também professor de Carlos Gomes.
O Imperial Conservatório de Música, que era mantido pelo Imperador D. Pedro II, oferecia bolsas de estudo aos seus melhores alunos, sendo Henrique premiado com uma temporada de estudos em Paris, o que constituía um novo caminho musical visto que os músicos eruditos brasileiros almejavam a Itália.
Na França, foi aluno de François Emmanuel Joseph Bazin, organista e compositor de óperas. Entre cursos de aperfeiçoamento musical e carreira de compositor, Henrique passou cerca de 10 anos no país, onde conheceu Adolph Sax, criador do saxofone, também professor do Conservatório, fazendo de Henrique o responsável pela introdução do Saxofone no Brasil.
Nesse retorno as terras brasileiras, foi nomedo professor de Solfejo e Harmonia do Conservatório, dividindo seu tempo com o Teatro e a Ópera, sendo que somente após a Proclamação da República, em meados de 1890 que Henrique retoma o ensino musical no agora Instituto Nacional de Música como atividade de maior importância até se aposentar em 1904, tendo entre seus alunos mais conhecidos Joaquim Callado e Anacleto de Medeiros.
Entre suas atividades musicais, foi também trompetista em algumas Orquestras do Rio de Janeiro, como também organista da Igreja de São Pedro. Gostava ainda de participar das rodas de serestas e modinhas, tendo amigos como Chiquinha Gonzaga e Alfredo da Rocha Vianna, pai de Pixinguinha. Como compositor, Henrique compôs Óperas e Operetas. Ele também se dedicou a composição das chamadas “mágicas”, gênero operístico popular que tratava de temas do cotidiano, indicando sua proximidade com a nascente música popular brasileira.
"O primeiro a se arriscar foi Henrique Alves de Mesquita, que compôs o lundu, um gênero que na linguagem africana chamase lundum, mas abrasileiraram. Era um ritmo tocado acompanhado de tambores, mas havia ainda uma influência de várias habaneras, incluindo a mais famosa delas, Carmem, de Bizet. O lundu tinha um acompanhamento rítmico da habaneira. E não era isso que o Callado queria, nem Chiquinha, nem o Mesquita. Assim, começaram a ensaiar outras coisas, outros ritmos, sempre baseados nos tambores dos negros, dos escravos [...] “
Além de ser o primeiro bolsista do Império, o primeiro a compôr “lundu”, foi também o primeiro a denominar “tango” para uma composição brasileira, em “Olhos matadores” que fazia parte de sua opereta "Ali Babá e os Quarenta Ladrões", de 1872, com também forte influência da habaneira. Faleceu em 12 de Julho de 1906, na cidade do Rio de Janeiro.
Entre suas composições mais conhecidas está o “Batuque”:
https://www.youtube.com/watch?v=Mt8QmKk7ejk
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